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AS ESPADAS JAPONESAS

Escrito por Sensei Tiago Santoro

Não há uma clara datação de quando os japoneses passaram a confeccionar espadas através da manipulação do metal, mas sabe-se que as primeiras técnicas de trabalho com minérios são oriundos da região central da Ásia, principalmente da China e Coréia. As primeiras espadas no Japão talvez tenham chegado por volta do século VI, trazidas juntamente com o inicio das transações comerciais e diplomáticas com os povos do continente asiático. As espadas trazidas para o Japão eram  feitas em sua grande maioria de bronze e usadas mais como adorno para rituais religiosos budistas do que para o uso bélico.

As mais antigas já encontradas foram datadas como sendo do período Nara, por volta de 712 a 720. Estas foram encontradas em Shôsôin, uma sala de tesouros situada dentro do templo Tôda-ji. Eram lâminas retas, com Saya de bronze e várias incrustações de metais e pedras preciosas. Elas vinham com inscrições de 8, 9 até 10 “punhos”; medidas feitas com base na distância dos quatro dedos unidos, sem contar o opositor, da mão do guerreiro chegando até 90 centímetros de comprimento. Ao passar dos anos, por volta do séc. IX passaram a ter entre 60 e 70 centímetros.

A palavra Tachi 大刀, nome dado a essas espadas, provavelmente deriva do Tachikiru que quer dizer “cortar em dois”, mas em Tôdai-ji, registros descrevem que elas eram denominadas como Tsurugi 剣 e Tsurugi no Tachi 剣大刀, no qual Tsurugi provavelmente refere-se a “espada com dois fios”, sendo que a expressão Tsurugi no Tachi era utilizado por volta de 900 d.c. para denominar as espadas com um fio basicamente, porém o fio duplo permanecia no final da espada até o kissaki.

No período Heian (794 a 1185d.c.) o Japão possuía duas espécies de espadas: as cerimoniais incrustadas de ouro e pedras preciosas, e as de campo de batalha. As destinadas para fins cerimoniais eram usadas apenas pelos membros da mais alta classe de todo Japão. Já as de campo de batalha eram feita com materiais mais simples como madeira ao invés de bronze na Saya, eram usadas pelos soldados e membros de classe mais baixa.

De acordo com a linha da história, as espadas dos períodos Nara e Heian são denominadas como Koto 古刀 espada antiga. Seu formato reto recebe o kanji chinês 直, que quer dizer direto, determinando então essas espadas antigas como Jôkotô ou Chokutô 直刀.

A mudança do formato reto para o formato curvo pode ter ocorrido de maneira natural, talvez pela necessidade de cortar ser mais importante que perfurar o adversário. O mais provável é que tenha acontecido no próprio momento da forja. Os ferreiros talvez tenham sentindo a dificuldade de fazer uma lâmina com resistência o bastante para receber impactos e manter um bom fio ou talvez tenha acontecido de forma acidental ao mergulhar a espada na água para resfria-la e perceber uma curva natural que surgira nesse processo. As espadas até então usavam uma forma triangular chamado de Hira zukuri que mantinha um fraco temperamento, mas que proporcionava uma lâmina fina. Lâmina fina pode significar um grande poder de corte, mas também significa lâmina fácil de ser quebrada em combate.

Surge então um novo estilo de forjamento que resolve o problema, chamado Kiriha zukuri, que limita a projeção de fio e a separa do Mune deixando mais metal para agüentar o impacto. Esse novo estilo torna difícil de manter o metal reto martelada após martelada, mas deixava a espada com maior resistência ao impacto. A solução final surgiu quando alguns ferreiros como: Yasutsuna da província de Hoki, Sanjô Munechika em Kyoto e Tomonari da escola Ko-bizen desenvolveram um novo formato por volta de 1159. Esse novo estilo, dado o nome de shinogi zukuri, tornava a espada muito superior em combate do que as espadas anteriormente forjadas com o estilo Kissaki Moroha Zukuri, da tsuguri no Tachi.

1 Hira zukuri e 4 Kissaki moroha zukuri: forma das espadas do período Nara (710 a 794), até metade do período Heian (794 a 950) Tsurugi e Tsurugi no Tachi. 2 Kiriha Zukuri: forma da segunda metade do período Heian. 3 Shinogi Zukuri: forma das primeiras Tachi curvas, final de período Heian (1159).

No período Kamakura (1185 a 1333), que marca o inicio do período de 700 anos de dominação militar, a Tachi passa a ter várias modificações. Uma em especial ainda sem origem definida é a Kodachi 小太刀, uma espada pequena menor que 60 cm que surge provavelmente como uma pequena companheira de adolescentes que iniciavam na disciplina da esgrima. Não se sabe ao certo o verdadeiro propósito do surgimento dessa nova espécie de Tachi, mas sabe-se que ela passou a ter importância nas escolas da província de Bizen no século XIII.

Em meados de 1200 o Bakufu instaura o período do governo Shogunato para afastar os bárbaros que buscavam o domínio das terras japonesas. Duas tentativas de invasão Mongólica (1274 e 1281) forca o Japão a rever a estrutura de suas armas. Durante os confrontos ficava claro a ineficiência das espadas Tachi em combates contra armaduras e armas pesadas dos mongóis, no qual produziam danos irreparáveis as Tachi.

Tendo esse problema em vista, o Shogunato ordena aos ferreiros a alteração da confecção para uma espada que agüente o impacto possibilitando a quebra da arma oposta e que ainda mantivesse um alto rendimento de corte e precisão. Surge nesse momento um grande padre e ferreiro Goro Masamune Okazaki, que desenvolveu uma forma de forjamento que se mantivesse após vários golpes.

O pensamento era simples, mas extremamente inovador para a época, unir o “velho e o novo” numa mesma espada. O processo de caldeamento, como é chamado na cutelaria tradicional, serve para unir duas placas de metal para aumentar o volume e a homogeneidade do aço final, no caso da espada japonesa desse período duas espécies de Tamahagane, minério a base de ferro, eram produzidos para ter muito ou pouco teor de carbono, dependendo da necessidade.

Formas de Tamahagane

O método era manter o exterior com um metal em alto teor de carbono, Kawagane, proporcionando maior dureza até mesmo em processo de têmpera, e o interior com miolo de baixo teor de carbono, Shingane, mais maleável. Esse processo de união de chapas passa a ser conhecido como San-mai.

Formando o San-mai.

 Com todos os conflitos do período Kamakura os soldados passam a ter em mãos novas armas para se adaptar aos campos de batalhas. É nesse momento em que instaura fortemente as classes de soldados: Os Samurai ganham alto poder e status portando as novas espadas nominadas Uchigatana e Wakizachi (a companheira, antiga Kodachi). Os Ashigaru por sua vez podiam aperfeiçoar o combate em campo de batalha a partir do momento que são munidos também pela Uchigatana e a Tanto.

Gorō Nyūdō Masamune 五郎入道正, 1264 -1343.

 

O forjamento japonês

De todos os estilos de forja a japonesa é a mais detalhada e também a mais restrita. Restrita com relação ao aprendizado, pois um iniciante geralmente é algum membro da família do ferreiro ou alguém escolhido pelo mestre.

A fase inicial do estudante leva anos apenas no estudo de reconhecer boas partes de tamahagane para montar uma boa lâmina e na dedicação na limpeza do espaço. Só passado dessa etapa é que o iniciado aprende como dar as primeiras marteladas.

         Independente de como será a forma final da lâmina o processo de caldeamento é basicamente o mesmo, dobrando o metal até atingir 1000 dobraduras. Essas dobraduras são importantes, pois aumentam a durabilidade do metal orientando as fibras de granulações entre as moléculas dos metais e do carbono.

A têmpera é seletiva para deixar a resistência somente no local desejável. Esse processo é lento, usando determinadas argilas que refratam o calor da chama para diminuir o choque térmico em local indesejáveis. Esse procedimento acaba deichando um desenho de linha de têmpera no qual se dá o nome de Hamon.

         O polimento também é de grande importância não só para realçar a beleza do metal mas para também que a lâmina deslize melhor no alvo e assim mantém um bom e limpo corte. Para que isso aconteça a espada passa pela mão de um artista em polimento que vela algumas semanas para deixar o metal no estágio desejável.

            Esse trabalho requer um profissional formado em artes que conheça a maneira tradicional do uso de pedras que desbastem o aço. O uso das pedras dão um acabamento de Shinogi-Zukuri que nenhuma máquina de esmeril pode proporcionar. O processo é lento para dar o toque perfeito de linhas e desing corretos do trabalho final.

  

Diferentemente das armas ocidentais, os japoneses se dedicam de tal forma na produção de suas armas que se abstinham de toda a sua vida social e conjugal para se dedicar unicamente, de corpo e espírito, na perfeição de sua obra. Uma obra que poderia levar até seis meses para ser concluída.

Até o século XVI a espada era feita por uma única pessoa até dividirem a tarefa para o ferreiro, polidor, marceneiro e ourives. Isso deixa todas as partes da espada bem destacadas o que aumenta a qualidade de durabilidade e elegância.

 

Nomenclaturas


Sori反り: curvatura da lâmina;

Hamon刃文: desenho feito através do processo de temperamento do aço;

Ha刃: fio;

Shinogi鎬: sugo que acompanha toda a extensão da lâmina, segundo padrões de Hi e Hiromono (gravações no metal);

Mune棟: costas da lâmina, podendo variar de acordo com o propósito;

Nakago茎: podendo ser interpretado como espigão, ou parte que prende a empunhadura;

Tsuba鍔: guarda que protege a empunhadura; Tsuka冢: empunhadura.

 

Kissaki: Ponta da lâmina

            Uma das partes mais importantes quanto ao uso da lâmina é a forma de sua ponta. A kissaki poderia variar de acordo com o período histórico, propósito ou até mesmo por reparos feitos após uma determinada danificação ou quebra.

 

 

Ko- kissaki

Sua característica de “pequena ponta” se dá pelo tamanho em relação da base à ponta das espadas freqüentemente usadas no sèc. XII. Grande exemplo são as espadas de cavaleiros, cerca de 80 centímetros de lâminas e 3 cm de largura na Fumachi, início da lâmina,  até ponta que eram em média 1,5 cm de largura. Por isso as Fumbari ou Nagasa, extensão da machi até a Kissaki, eram compridas.  

 

Chu- kissaki

            O estilo de “ponta media” possui a boa proporção entre largura e comprimento. Nessa ocasião o comprimento é ligeiramente maior para proporcionar uma relação entre dureza e fio. É do tipo encontrado em lâminas de katana.  

 

O-kissaki

            A “grande ponta” possui o comprimento bem maior que a largura e passou a ser usado a partir do séc. XIV em Daito, cerca de 90 centímetros de largura. Eram grandes espadas que serviam para dar status a generais ou Daimyo em campos de batalhas a partir do séc. XIV. 

 

Ikubi-kissaki

É um estilo de ponta bem típico no séc. XIII encontrado em espadas largas.

 

Kamasu-kissaki

            Dentre todos os tipos de Kissaki a esta é a que possui grandes curiosidades. Encontrada em lâminas do séc. XIV esta é uma ponta quase que totalmente reta e se destaca das outras não só pela aparência, mas também pelo seu alto poder de perfuração. É também um estilo de ponta pouco encontrada hoje em dia, mas é amplamente feita em Tanto confeccionada por de cuteleiros ocidentais modernos.

            É uma ponta extremamente afiada, porém é facilmente quebrada em combate. Embora sendo uma ponta considerada frágil é muito usada em reparações de espadas quebradas em combate quando ocorre uma rachadura ou uma quebra no fio. Esse trabalho era realizado por um polidor espadeiro que refazia a Kissaki lixando-as na região do dano da lâmina afim de manter a estrutura de dureza e design feita pelo forjador.

 

BIBLIOGRAFIA

Livros

Sato, Kazan: The Japanese Sword, a comprehensive guide. Trad. Earle, Joe. Kodansha International, Ltd. Usa, 1983.

e-book

Morimoto, Michael: The forging of a Japanese Katana. Colorado School of mines, 14 de junho de 2004.

 

Sites pesquisados:

http://home.earthlink.net/~steinrl/kizu.htm

http://www.ksky.ne.jp/~sumie99/kissaki.html

http://www.ncjsc.org/gloss_kissaki-1.html

http://meiboku.info/guide/form/kissaki/index.htm

Vídeo assistido:

The Japanese Swords, National Geographic. diretor: John wate. Parthenon Entretainment ltd.