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KUNOICHI - MULHER NINJA

Kunoichi, na linguagem antiga dos Ninja, era a palavra usada para referir-se a mulher Ninja. Na verdade, o termo era utilizado quando se empregava uma mulher para executar uma missão na qual seria utilizado o Ninjutsu, dizia-se então “técnica da mulher Ninja” ou Kunoichi Jutsu.

Kunoichi é a fragmentação do kanji de mulher, não tendo significado próprio, formando uma espécie de código. Atualmente alguns escritores ao invés de usarem os caracteres hiragana, katagana e kanji significando a palavra Kunoichi, passaram a utilizar os ideogramas Onna Nin, dando referência literal de “mulher Ninja”. Essa forma de escrita, por elucidar claramente o código sem significado aparente, não carrega a essência do termo, pois se imaginarmos que o termo Kunoichi era uma mensagem secreta, para avisar que a ação não seria executada por um homem, mas sim com técnicas femininas, ao dar-lhe significado direto, a missão tenderia ao fracasso.

Outra interpretação tem como referência os orifícios encontrados no corpo humano. Nos homens, são nove orifícios: olhos, narinas, boca, ouvidos, umbigo e ânus. Como a mulher possui mais um orifício, a palavra Kunoichi seria a união dos sons que dariam o significado de que o agente era uma mulher: Ku-no-ichi, ou seja, “nove e um” ou “nove mais um”.

O único registro histórico de uma Kunoichi está atrelado ao nome de Chiyome Mochizuki, uma mulher que seria originária da região de Koga e que esposou Moritoki Mochizuki. Quando seu marido foi morto em guerra, Chiyome Mochizuki fortaleceu Takeda Shingen montando o Kai Shinano Miko do Shuren Dojo, em que formava, de forma disfarçada, um grupo de guerreiros invisíveis aos olhos dos homens: as Aruki Fujo, o grupo de mulheres treinadas no Kunoichi Jutsu. 

Popularmente as Kunoichi são relacionadas com a arte da sedução, mas é preciso atentar que a sedução era apenas um dos subterfúgios que poderiam ser lançado para que ela alcançasse sua missão.

A forma com que se ressalta o uso das técnicas Kunoichi concentradas apenas na sedução é uma visão ocidental distorcida sobre as características femininas e sobre a vida oriental. Se a Kunoichi fosse restringida apenas ao uso do sexo, não teria sido necessário haver mulheres especializadas e treinadas por anos a fio em tantas habilidades quanto às técnicas Ninja sugerem.

Assim, apenas o ato de sedução ou da atração sexual seria o suficiente para coletar informações ou realizar missões, dentro dessa concepção, por que se treinar por anos uma mulher, se seria possível usar uma prostituta para realizar o mesmo serviço?

A Kunoichi estava sempre preparada tanto para o uso de habilidades pertinentes às mulheres, como também para o combate corporal e armado comum aos homens. Embora tivessem muitas peculiaridades, o seu aprendizado do Ninjutsu era igual ao dos Ninja, mas sua mente, tipo de estratégia e vantagens, obviamente eram diferentes.

As mulheres Ninja, além do Yuwaku no Jutsu (técnicas de sedução), eram treinadas também em Doku no Jutsu (técnicas de envenenamento), Henso Jutsu (técnicas de disfarce), no conjunto de armas e instrumentos próprios ao gênero feminino e ao seu comportamento, como por exemplo, o combate adaptado às suas vestimentas (pesados Kimono), adereços e aos seus calçados (zori ou geta). Mais que isso havia também treino físico para combate corporal, Kunoichi Tai Jutsu, que diferenciava e adaptava as práticas e estratégias do Shinobi Tai Jutsu (combate corporal do Shinobi).

A sociedade japonesa, nitidamente machista, não atribuía às mulheres qualquer tipo de periculosidade, sendo sempre tidas como o gênero delicado, incapaz de grandes atos de violência e geralmente subestimada mesmo em tomadas de decisões simples, como registrado no livro Onna Dai Gaku (livro de regras e etiqueta da mulher japonesa). Mais que isso, quando destoantes da sociedade, estando fora de seu papel tradicional, por vezes eram abandonadas, direcionadas ao suicídio, conventos ou tidas como doentes mentais. Essa concepção machista permitia que as mulheres pudessem manipular situações, se deslocar transitando por diversos locais e se inserir em contextos nos quais um homem jamais passaria despercebido.

A forma de agir e pensar entre homens e mulheres possui suas distinções e essas também eram levadas em consideração durante o treino de uma Kunoichi. Não só isso, a educação dada a mulher japonesa também deve ser considerada, como por exemplo, as meninas eram educadas essencialmente a não demonstrar seus sentimentos e suportar qualquer tipo de evento emocional de forma paciente, complacente e subserviente. Dessa forma, o treino psicológico e emocional também eram conduzidos dando ênfase as peculiaridades femininas.

Sendo assim, as Kunoichi eram enviadas em missões de subtração de informações, de espionagem e de combate indireto, pode-se falar em combate “invisível”. Invisível, pois agiam disfarçadas como feiticeiras, cantoras, dançarinas, camponesas, serviçais, artistas e, para tanto, treinavam constantemente habilidades ligadas aos disfarces, bem como aprendiam regras de conduta e técnicas de envenenamento. O treino de uma mulher era claramente com o objetivo de formar uma guerreira espiã habilidosa fisica e psicologicamente para encaminhar missões por meses e até décadas mantendo-se fiel ao seu objetivo.

MULHERES NOS TREINOS

Da mesma forma que diversas Artes Marciais, no Ninjutsu as mulheres treinam em horários mistos. Contudo, nas Artes Marciais de Desporto, quando em competição, restrigem tanto as mulheres quanto os homens aos combates levando em conta o gênero, idade e estatura, de forma a manter a competição justa e equivalente a composição física. Essas medidas são adotadas para determinar a(o) competidor(a) com melhor  técnica e preparo físico. Entretanto numa situação de agressão, defesa pessoal ou guerra, tais regras simplesmente não existem e os combates físicos ocorrem entre estaturas, sexos e preparos desiguais, sendo situações essencialmente de sobrevivência.

Historicamente a maioria das Artes Marciais foram concebidas pelos homens para os homens em guerra, entretanto com o passar do tempo ou da necessidade, as mulheres se inseriram também nesse meio. Durante o processo histórico de diversas nações é comum encontrar nomes de mulheres que lutavam em guerras e algumas que sobressairam como guerreiras. Ainda assim, como as técnicas concebidas foram feitas pelos homens, elas estão vinculadas ao tipo físico e características masculinas, sendo que dessa forma, as mulheres que se dispunham a aprender tais técnicas de combate terminavam por tentar se adaptar para conseguir executá-las com eficiência, ou seja, as técnicas serviam para qualquer um dos sexos, contudo nada tinham a ver com a natureza psicológica e física das mulheres.

O Ninjutsu, como prática de guerra, ao invés de permitir que as mulheres aprendessem e se adaptassem apenas as técnicas e especializações comuns aos homens, também conseguiu enxergar as vantagens que as características femininas dariam a uma ação ou missão. Dessa forma, surgiu uma especialização no Ninjutsu aplicado pelas mulheres, o Kunoichi Jutsu e, este, passou a incluir as vantagens femininas ao combate, não igualando-as com os homens, mas somando a força dos mesmos, tendo-as como um diferencial para o êxito durante uma ação de guerra. 

Assim, o Ninjutsu além de manter os treinos mistos, adiciona ao treinamento das mulheres não só o ciclo fundamental de técnicas armadas e desarmadas, mas também o Kunoichi Jutsu, sendo esse, um diferencial perante a natureza das Artes Marciais fomentadas hoje em dia.

No Sho Kumo Ryu Ninjutsu não se faz diferente, o ciclo fundamental de técnicas armadas e desarmadas (Mokuroku) perfazem cerca de 10 anos de aprendizagem, incluindo treino físico, psicológico e filosófico. Nesse Mokuroku as mulheres treinam da mesma forma que os homens, os mesmos exercícios e especializações, sem distinção.

Quando atingem o desenvolvimento e amadurecimento marcial necessário, adiciona-se o ensinamento do ciclo básico Kunoichi Mokuroku  iniciando no diferente trabalho de exercícios físicos, aprendizado do Geijutsu (Artes Clássicas) como a Cerimônia do Chá, Odori e o Ikebana, até especializações mais avançadas.